Confissão

Hoje ela acordou mal…

mau humor, mau hálito, mal amada. Aliás, muito mal amada! O pior não é isso, é acordar e perceber que o Zé Mané ainda está ao seu lado.Então pensou porque um dia o deixou entrar.
O café estava gelado, amargo, sem sabor. A roupa só não vestia pior porque já estava extremamente horrível. Não tem como uma roupa cair bem em um corpo que pesa, inchado e redondo.
Provavelmente chegaria atrasada ao trabalho, só pra variar. Já tremia toda por dentro imaginando a reação do chefe ao ler seu relatório deixado no dia anterior. Preparava-se para assinar sua carta de demissão.
Perguntava a si mesma como era possível tanta desgraça em apenas 24 horas? Era possível?? Ela queria se sentir mal… seu trabalho era uma droga, sua vida uma porcaria, seu homem nada valia.
Ela tentou se sentir mal, mas não conseguiu.
- Tá bom, tá bom, eu confesso! - disse ao analista.
- Ainda bem. Não seria mais fácil aceitar que vc tem o melhor homem do mundo, seu chefe te idolatra, prestes a receber uma promoção e que você além de muito elegante tem se tornado uma mulher mais linda a cada dia que passa? Sinto muito, mas definitivamente hoje será sua última consulta. Assim espero.- retrucou o analista.
Ela saiu do consultório com um risinho no canto da boca. Sabia que no fundo o analista tinha razão, afinal de que ela poderia reclamar? Batalhara tanto para conquistar tais objetivos que até sentira-se culpada por pensar daquela maneira.
Após um maravilhoso banho de espuma, com direito a cremes e loções ela encaminhou-se para o quarto e deparou-se com uma natureza mais do que viva, na moldura de sua cama, ansiando por seu corpo. Parou, respirou fundo e disse para si mesma:
- Satisfeita eu?? É ruim, hein!! Eu quero é mais!

Em 18 de outrubro de 2006